quinta-feira, 26 de março de 2009

HISTÓRIA DA SEMANA - O FATO NOVO DO REI


Outra história contada pelo professor António.



O FATO NOVO DO REI


Há muitos anos vivia um rei que passava o tempo a estrear trajes e fatos, e assim gastava a fortuna do país a comprar os mais caros tecidos.
O rei não queria saber dos assuntos do governo e a única coisa que fazia era passear pelo parque, ir ao teatro, passar em revista as tropas… sempre para exibir os seus trajes novos!
Mudava de casaca a qualquer hora e, quando alguém perguntava por ele, recebia sempre a mesma resposta:
O nosso imperador… está no provador!
A capital do reino era um lugar sereno, visitado por muitos forasteiros.
Um dia chegaram à cidade dois malandros, fazendo-se passar por alfaiates de moda. Diziam que sabiam tecer o tecido mais delicado do mundo e que podiam fazer com ele um fato que tinha uma propriedade mágica: ser invisível para todos aqueles que fossem todos, incompetentes ou ladrões!
– Será um traje admirável! – pensou o rei. – Se o vestisse, descobriria os indignos de ocuparem os seus cargos, os que tentam passar por esperto, e até algum que ande a roubar as arcas do rei.
Então disse o monarca:
- Quero que façam, imediatamente, um traje com esse tecido maravilhoso.
O rei mandou pagar muito dinheiro aos alfaiates para eles comprarem a seda e o ouro necessários. Também ordenou que lhes emprestassem uma fábrica para instalarem os teares e começarem a trabalhar.
Os malandros fingiam que mediam, que cortava e que cosiam até altas horas da noite… e depois guardavam nos bolsos todo o ouro e toda a seda!
Um dia, o rei, impaciente por vestir o traje, mandou inspeccionar o trabalho dos alfaiates.
Quando o primeiro-ministro chegou ao é dos teares, abriu os olhos o mais que pôde, mas não foi capaz de ver nada porque nada havia para ver. Os alfaiates fingiam que mediam, que cortavam, que cosiam e perguntaram-lhe:
- Não acha maravilhosas, senhor ministro, estas cores, estas formas, estas texturas?
O ministro não queria passar por incompetente, todo ou ladrão, e respondeu com voz trémula:
- Parecem-me preciosas! Irei imediatamente junto do rei para lhe dar conta de tanta formosura.
Os alfaiates aproveitaram a ocasião e pediam mais dinheiro para comprarem mais ouro e mais seda. O rei ficou contente ao escutar o seu chanceler…
Vários dias depois o monarca mandou um conselheiro ver se a tela já estava tecida.
Quando chegou aos teares, o conselheiro abriu os olhos o mais que pôde, mas não foi capaz de ver nada porque nada havia para ver.
Os alfaiates fingiam que mediam, que cortavam e que cosiam, e perguntaram-lhe:
- Não acha maravilhosas, senhor conselheiro, estas cores, estas formas, estas texturas?
O conselheiro não queria passar por incompetente, todo ou ladrão, e responde de imediato:
Estou emocionado! Irei imediatamente junto do rei para lhe dar conta de tal formosura.
Na cidade não se falava de outra coisa E todos esperavam o dia em que o rei estreasse o fato para ver quem era incompetente, todo ou ladrão.
Por fim, os malandros avisaram o monarca de que o traje estava quase rematado.
O rei mandou preparar um desfile para toda a cidade, e marchou para a fábrica com o seu séquito. Quando entrou na sala onde os alfaiates fingiam que mediam, que cortava, e que cosiam, ouviu os seus criados:
- Que maravilha! Que formosura! Nunca se viu coisa igual!
Quando estava diante dos teares, abriu os olhos quanto pôde, mas o rei não foi capaz de ver nada, porque nada havia para ver.
E os alfaiates disseram:
- Não lhe parecem maravilhosas, Majestade, estas cores, estas formas, estas texturas?
O rei, que não queria passar por incompetente, tolo ou ladrão, respondeu-lhes orgulhoso:
- Magnífico! Excelente! Sereis recompensados com o título de Tecelões da Corte Real. Vesti-me e vinde desfilar pela cidade.
Os alfaiates fingiram que davam os últimos pespontos às vestimentas e exclamaram:

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Xosé Ballesteros
Adaptação a partir do texto de Hans Christian Andersen
Kalandraka

EB1 Chafariz d'El rei

Professora Fátima

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